14 de abr. de 2011

Ex-paquito troca fama pelo ‘resgate’ de pessoas no Níger

O ex-paquito Alexandre Canhoni, que ficou conhecido por Xand, abandonou ‘o mundo da Xuxa’ para enfrentar a dura realidade do Níger, país africano batizado como ‘o pior lugar do mundo’. Trata-se de uma nação com um dos mais baixos índices de desenvolvimento humano (IDH). Em meio ao clima desértico e à escassez de alimentos, a atual missão dele é auxiliar pessoas que vivem na mais absoluta miséria. A experiência de lutar pela dignidade de gente que provavelmente jamais terá a oportunidade de tomar um copo de leite com chocolate será contada em Bauru pelo próprio Alexandre, nos próximos dias 16 e 17.


Ele e a esposa Giovana integram a obra social realizada pelo Ministério Guerreiros de Deus, uma Organização Não-Governamental (ONG). Por meio dela, desde 2001 se instalaram no Níger e passaram a se dedicar exclusivamente ao trabalho. Para angariar recursos à missão desenvolvida pelo ministério, o ex-paquito lançará também em Bauru o CD Aya Aya (quer dizer: “é isto aí”). Os interessados em conferir som e relatos podem participar do evento que, no sábado será concentrado na Igreja Batista Boreana - Centro da cidade. Já no dia 17 será na Igreja do Evangelho Quadrangular, no Jardim Redentor.

Um dos coordenadores do encontro em Bauru, José Rubens Maranhão explicou que o encontro será importante para mostrar a situação que aquelas pessoas vivem e o quanto necessitam de ajuda do mundo todo. Para ele, por meio do testemunho de Alexandre, as pessoas poderão valorizar o Brasil e a vida que têm aqui. “Nós reclamamos muito, sem saber que existem pessoas que não têm nem esperança de vida, não sabem o que é poder escolher o que comer, porque não têm nada”, comenta José Rubens.

O trabalho desenvolvido no Níger através do Ministério Guerreiros de Deus se fortaleceu em 2007 com a construção da base da ONG no país, quando começaram também alguns trabalhos na área de nutrição, evangelismo e esportes. Entre os principais projetos desenvolvidos pelo Ministério Guerreiros de Deus destacam-se o Nutrição Esperança, realizado na cidade de Plateau (em Niamey), onde cerca de 70 crianças recebem alimentação e evangelização pelo menos três vezes por semana.

Num outro projeto de nutrição em Koira Tegui (uma vila próxima a capital do Níger), cerca de 40 crianças recebem alimentos preparados na própria base da ONG, pelo menos duas vezes na semana. Existem outras 10 iniciativas envolvendo alimentação, educação, esportes e evangelização. Juntos, reúnem pelo menos 2,5 mil crianças, que recebem ajuda humanitária.

Por e-mail, a reportagem entrevistou Alexandre.



Jornal da Cidade - Como sobreviver junto a pessoas que sofrem em meio a tanta miséria?

Alexandre Canhoni - 
A questão vai além do estar no meio de pessoas que vivem em meio a tanta miséria. Para mim, se resume em o que eu posso fazer para ajudar a melhorar esta situação. Há alguns anos, tenho me centrado em como poder ajudar a melhorar o estado físico, emocional e espiritual destas pessoas, para que, mesmo onde elas estão, possam viver de uma forma mais digna.



JC - Quais alimentos são oferecidos por meio dos projetos desenvolvidos pelo Ministério? Como são adquiridos?

Alexandre - 
Existem vários projetos de nutrição espalhados pela nação. Atualmente, os alimentos são arroz com molho de legumes, macarrão com molho de legumes, arroz com um tipo de feijão local e molho de cebola, além de uma mistura nutritiva chamada Boui (são 7 grãos, mais leite e amendoim, formando um mingau muito nutritivo e gostoso). Estes são os cardápios dos projetos. Porém a comida típica local, que a maioria come é arroz com óleo ou uma papa de milho com pimenta.



JC - Como é viver numa região tão quente e em pleno deserto?

Alexandre - 
O clima é realmente um grande desafio, no verão pode chegar a 64ºC. É muito seco também, o que causa muitos problemas de alergia e respiração. O ser humano é muito adaptável e, atualmente, já estamos um pouco adaptados com este clima castigador.



JC - O Ministério Guerreiros de Deus pode ser comparado a uma religião?

Alexandre - 
Não é uma religião e nem uma entidade formada por varias igrejas. É como uma ONG ou uma instituição. Somos cristãos, porém a organização não pertence a nenhuma igreja ou religião. Nós dizemos ser guerreiros de Deus porque lutamos contra situações que pulsam o ser humano a ser destruído. Para todos nós, seguir a Jesus Cristo vai muito além de religião ou igreja. É um estilo de vida diário.



JC - Você pretende permanecer no Brasil por quanto tempo?

Alexandre - 
Cerca de dois a três meses, porém ainda não tenho as passagens de retorno para a África. Pretendo retornar no final de junho.



JC - Como é ser missionário cristão num país de maioria muçulmana?

Alexandre - 
É um desafio, pois a religião é fechada o que não permite que as pessoas tenham opção de escolha (em um país como o Níger), muitas pessoas nunca tiveram a oportunidade de ouvir algo diferente. Para mim tem sido uma experiência única e maravilhosa poder dar esperança de um futuro melhor, ou mostrar o amor de Deus de uma forma que eles não conhecem.



JC - A venda do CD será revertida em prol do projeto?

Alexandre -
 Aya Aya é ma expressão como “é isto ai”. É uma das músicas mais cantadas em todos os projetos. Tudo na África é como se fosse movido a música, tudo muito animado e ritmado. E assim é a música Aya Aya, que tem uma letra simples porém com uma grande verdade: “se não tiver Jesus é a mesma coisa de não ter nada”. Neste CD tenho músicas em português, francês e dialetos africanos. Algumas de minha autoria. Assino a direção e produção musica. Significa que não parei de fazer arranjos e produções musicais desde minha saída do meio artístico.



JC - Qual a mensagem que você passa aos brasileiros?

Alexandre -
 Gostaria muito que os brasileiros pudessem valorizar mais as bênçãos que temos no Brasil, que valorizassem mais a nossa nação, que aprendessem a agradecer mais a Deus e, se possível, reclamar menos. Saibam que Deus tem um plano na vida de cada um, basta estar dispostos a escutar e obedecer. Parem de olhar para quem tem mais que você e lembrem-se existem pessoas que vivem em condições subumanas e que nunca poderão tomar um copo de leite com chocolate. Valorizem as coisas simples da vida.



• Serviço


Outras informações www.guerreirosdedeus.com.br alexandregiovana@uol.com.br (11) -3966-1070

O trabalho será contado pessoalmente por Alexandre Canhoni, em Bauru, no dia 16 na Igreja Batista Boreana, que fica na rua Antônio Alves, 4-50 - Centro. Já no domingo, dia 17, ele estará na Igreja do Evangelho Quadrangular, situada na rua João Esteves de Souza, 1-43 Jardim Redentor, ambos às 19h.




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‘O pior lugar do mundo’


A república do Níger tem população estimada em 15 milhões de pessoas. Localizada na região Centro Oeste da África, dentro do deserto do Saara, o país foi batizado como “o pior lugar do mundo”, em consequência do clima desértico. A temperatura chega à 65 graus no verão e apenas 10% de suas terras são cultiváveis. Sofre com a escassez de alimentos. Sem chuvas e com tempo muito quente e seco, sete milhões de pessoas passam fome no Níger, segundo informa o Ministério Guerreiros de Deus.

A situação é tão crítica que a expectativa de vida é de apenas 44 anos. Trata-se do local com maior índice de mortalidade infantil do mundo.

Com pouca infraestrutura, a população não conta com acesso gratuito a médicos ou hospitais e as escolas existentes são de difícil acesso. Pelo menos 85% da população não sabem nem escrever o nome. Do total, aproximadamente 98% é muçulmana e sofrem influências árabes. Os que se tornam adeptos à crença cristã, sofrem perseguições e são expulsos de suas casas pela própria família, conta a ONG.

Por essa razão, o trabalho realizado pela entidade é dificultado com a cultura do País, onde predominam tribos e crenças ligadas à feitiçaria.

Mesmo assim, é desenvolvido há mais de 9 anos e, a cada ano, cresce graças às doações feitas por várias igrejas cristãs do Brasil e do Exterior.

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